Pra Que Te Quero?

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Quando eu era muito jovem, achava que não existia outro tipo de relacionamento amoroso entre casais que não fosse através da monogamia. Era esse o meu modelo, e cresci assim. Quando alguém pulava a cerca, eu considerava como traição e ponto final. Não havia o que pensar a respeito, o que discutir. Apenas se o traído poderia ou deveria perdoar o traidor e essa é uma decisão pessoal.

Quando na fase jovem-adulta fui corneada algumas vezes e também corneei outras. E não morria de esquentar a cabeça com isso. Era fato. Um não agüentou de um lado, o outro não agüentou de outro e então o que nos restava era o perdão ou tocar a vida prá frente. Mas quando jovens, tudo é muito grave e normalmente, tocávamos em frente, com novas possibilidades.

Daí aconteceu o que eu menos pensava e planejava na minha vida: aconteceu o meu casamento. Eu continuava tendo o mesmo pensamento monogâmico e, invariavelmente, se alguém comentasse de alguma mulher sobre a suspeita de que ela traía o marido ou vice-versa, eu pensava “poxa, por que não sai do casamento então?”. Só que, ema ema.

Aconteceram muitas coisas em minha vida nos primeiros anos de casada que culminaram em eu apaixonada por outro cara e conseqüentemente, sexo com esse indivíduo. Quase morri de culpa (assunto para outro post). E no andar da carruagem da vida, acabei tornando-me um tanto cínica em relação à ser monogâmica. É difícil explicar  minha transformação sem fazer um flasback dos últimos 15 anos da minha vida, porém, o fato é que essa história de monogamia serve, na maioria das vezes, para tornar as pessoas infelizes, incompletas, reprimidas e mentirosas. Pois, se de um lado a pessoa mantém sua monogamia, ela mente a si e ao parceiro que não sente atração por outras pessoas. Por outro lado, se ela pula a cerca para satisfazer essa atração, ela novamente mente a si que vive um relacionamento monogâmico e ainda, também e de novo, conta a mesma mentira ao seu parceiro.

Na realidade, a monogamia é uma invenção por causa do direito de herança. Ou seja, a grana meteu a mão no lugar errado, de novo e como sempre. As pessoas tornaram-se hipócritas em relação à afetividade e ao tesão. Quando alguém levanta a bola da monogamia em alguma discussão, o que mais se ouve é que esse estilo é o mais racional, que nós, seres humanos, racionais que somos, devemos ser monogâmicos pois, até os pássaros X ou Y são monogâmicos. Ou seja, somos comparados a animais e se agirmos diferente desse padrão somos reduzidos ao menor valor do que possuem esse animais tidos como monogâmicos. Oras pois, em “O Mito da Monogamia” a dupla de pesquisadores descobriu e conclui, por rastreamento genético, que mesmo os animais tidos como monogâmicos fazem a cópula extra-par – CEP. Derrubou-se assim, o mito da monogamia.

Isso não quer dizer, em absoluto, que não existam casais realmente monogâmicos. Eu apenas gostaria de sentir o quanto os pares destes casais reprimem-se em nome da instituição monogâmica. E dos outros que pulam a cerca, se eles realmente acreditam no que vivem, na monogamia. Não sou contra um ou a favor de outro. Apenas gostaria que as pessoas parassem de apontar seus dedos imundos para as pessoas que não conseguem ser monogâmicas como se essas pessoas fosse fracas ou fossem a escória do mundo, o lixo, o aborto espontâneo da sociedade.

Isso não vai acontecer. Assim como a monogamia continuará a ser o modelo de muitos casais, que farão promessas, posteriormente as quebrarão e irão sofrer por isso. Seria mais fácil de deixássemos nosso egocentrismo de lado e víssemos nosso parceiro como alguém que vive e sente mesmo com nossa ausência. O mundo não gira em torno de nós, mesmo o mundo do mais apaixonado parceiro.

Você, que tem um relacionamento monogâmico, é absolutamente fiel? Ou seja, fiel em pensamentos, palavras e atos?